in Revista Visão 23/10/14
A Propósito de Experiências de Quase Morte:
José Trindade Chagas teve a perceção de que ia morrer e decidiu resistir. "Quero viver", pensei. E, a partir daí, deixei de ver escuro e passei a ver umas sombras e umas manchas brancas. Pelomeio, ainda me apareceu um pastor solitário, relata.
«Sabe-se que, em múltiplas situações de doença orgânica, como infeções graves, doenças cardiológicas graves, estados pós cirúrgicos, etc., os pacientes podem apresentar, como consequência de múltiplas alterações que ocorrem no organismo, um quadro de perda de consciência, com desorientação no tempo e espaço, e desenvolvimento de delírios (ideias irracionais, não compreensíveis), que podem estar relacionadas com atividades que costumam desenvolver, por exemplo», explica Diogo Telles Correia.
José Trindade Chagas dispensa explicações. A sua recuperação demorou dois anos. Mas o acordar do coma foi o ponto de partida. O mesmo também pode acontecer a pessoas saudáveis, quando estão em perigo. «Em situações de saúde muito graves, sabe-se que são produzidas no organismos substâncias, as endorfinas, que são opióides, como a morfina, e que quando se libertam dão uma enorme sensação de bem-estar. Está descrito que nas situações de quase-morte, ou mesmo morte, estas substâncias podem ser libertadas em grande quantidade», explica Diogo Telles Correia, psiquiatra no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e Professor da Faculdade de Medicina.